"Objetos Cortantes", Gillian Flynn
Desde que me formei como leitor, temas mórbidos, sombrios, estranhos me inquietam e despertam demasiado interesse. Minhas melhores experiências com o gênero foi com a obra psico/policial da Chelsea Cain e sua Serial Killer apaixonante, Gretchen Lowell (livros: Coração Ferido, Coração Apaixonado, Coração Maligno, The Night Season, Kill You Twice, Let me Go). Também com o futuro clássico policial "Suicidas" do Raphael Montes, propulsor de horas insones e atormentadas.
Quando "Objetos Cortantes" chegou até minhas famintas mãos, logo de cara fui conquistado pelo título tão convidativo ao que convém o gênero. Sinopse e recomendações salpicadas de ênfases à obra incentivaram minha abertura para o universo da peculiar personagem e logo nas primeiras linhas do livro a autora me conquistou. Escrita sensacional.
Existem no mundo "Autores" e "Escritores". Sem margem para erro, Gillian Flynn provou ser uma "BAITA" Escritora. Ela manipula com citações íntimas e disformes todo o texto, clareando o nosso entendimento e elevando nossa imaginação a patamares inalcançáveis. Eu vi coisas, especulei coisas, me inquietei, fui perturbado e retalhado vez após outra nas entranhas de seus capítulos deliciosos e, então, surpreendido por uma conclusão de mistério fenomenal (não no quesito surpreendente, mas, sim, doentio).
Obviamente, seu livro mais famoso é "Garota Exemplar", que ainda não li (infelizmente), mas está na minha lista de futuras aquisições, como também "Lugares Escuros" e outros trabalhos já publicados no Brasil.
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- Tópicos Importantes do Livro -
"Escrita"
De fácil entendimento, ampla e de citações imprevisíveis e de expansiva aceitação do leitor.
"Personagem"
A autora criou uma personagem que tinha tudo para ser amargurada e rebelde, cruel e intragável aos demais personagens, no entanto, no divisor de águas da escrita de Flynn, Camille é uma jovem doce e cativante lançada num ambiente hostil e perturbado: Sua cidade natal, local onde as piores coisas de sua vida aconteceram.
Ela se corta, sabia?
Por conta de tenebrosos problemas que assombram sua infância e adolescência, Camille despertou uma predisposição para a automutilação. Seu corpo é um vocabulário de cicatrizes, palavras que ela retalhou por todo o corpo, e, no decorrer da história, estas palavras gemem, berram e gritam para ela coisas que a fazem arrepiar. E ao leitor também.
"Trama"
A jornalista Camille se vê obrigada a retornar à Wind Gap, sua cidade natal, onde as sombras do seu passado residem e resistem, quase como se aguardando seu retorno. Seu chefe a envia para cobrir o misterioso assassinato de uma criança que ocorrera um ano antes e o desaparecimento de outra naquela mesma semana em que a proposta de furo surgiu. O assassino, inicialmente apontado como um Serial Killer, estrangula crianças e arranca-lhes o dentes. E cabe a Camille burlar as barreiras impostas pela gente da cidade que ela própria tentava deletar do mapa, para desvendar esse mistério e encarar os horrores da infância que simplesmente tem como sinônimo a palavra "Família".
Um livro fabuloso.
Nota: 9,2.
Vale a Pena Conferir.
Atenciosamente, Henrique de Castro
